sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os conquistadores

Em um dia ensolarado, ele acorda tranqüilo como sempre acorda: tirando os braços da mulher que ele conquistou no dia anterior. Escova os dentes se olhando no espelho e penteando o cabelo com as mãos, como sempre faz. “Mais um dia.” Pensa. E era exatamente o que pensou. Sabia que era bonito pelo olhar das meninas por quem passava na rua, sempre era diferente. Era bem sucedido no seu trabalho; trabalhava com o mercado de ações, o que seu pai também fazia antes de se aposentar. Tinha condições de ter três carros, mas gostava de andar a pé e de ônibus.

Neste mesmo dia, de manhã, ela acordava em uma cama de solteiro, levantava graças ao som dos chinelos de sua mãe que soavam logo depois da porta de seu quarto. Conversava sobre as dívidas e maneiras de pagá-la enquanto, um a um, os seus irmãos acordavam. “Não pode ser assim, dois bancos e os dois no limite?” dizia ela, mas não conseguia estabelecer um diálogo razoável com seus irmãos. Após eles saírem, seu coração quase chorava por ver mais uma vez o salário ir embora, graças as dívidas familiares. “Um dia eu tiro a família toda do buraco, se Deus quiser.”

Às vezes, ele recebia um telefonema de seu pai e o tratava com desprezo. Seu pai gostava de se vangloriar pelo que conquistou do zero. Sua mãe falava com ele logo após; o desprezo se transforma em vergonha no momento em que ela falava “oi”. Estava sempre preocupada com ele como se ele ainda tivesse 5 anos de idade. Foi para a terapia que indicaram para ele, uma senhora bem afeiçoada que tinha bons conselhos, embora ele não ouvisse nenhum deles...

- Você não acha que essa sua revolta com os seus pais se deve aos excessivos mimos de sua mãe e à carência de seu pai? – dizia ela, enquanto ele se aproximava dela.

- Sabe como eu sei que essa terapia está funcionando?

- Não.

- Toda vez que eu venho, eu saio me sentindo bem melhor.

- Pois eu acho que não.

- Por quê?

- Porque você sempre volta.

Do lado de fora da sala da terapeuta, ela esperava, mesmo que já tivesse passado da hora... Ele sai e diz para ela:

- Ela vai precisar de mais 5 minutos; após isso pode entrar. – disse ele, ruborizado, não a repara muito.

Ela espera os cinco minutos se passarem e entra. A terapeuta já está toda arrumada novamente e diz:

- Ainda bem que é você! Dependendo de como esteja, posso tirar uns 10 minutos da sua sessão?

- Tudo bem!

- Não seja tão assertiva, assim vão tirar coisas de você que são suas, você precisa se impor.

- Tá bom.

Na terapia, ela estava em um estágio mais avançado, por isso a terapeuta os colocou em horários juntos. Isso não era uma cena atípica.

De volta ao trabalho, ele era agressivo, conhecia de cabo a rabo. Sabia como o fluxo da história poderia vir a influir no mercado. Então, quanto melhor informado, melhor ele exercia a sua função, mais dinheiro ele fazia.

De volta ao trabalho, ela era paciente e observadora. Amava ensinar e gostava mais ainda quando percebia que os seus alunos entendiam o que ela estava dizendo.

À noite ela ia para um ensaio na igreja para louvar ao seu Deus de toda a sua alma (ou com toda a sua voz), encontrar os amigos e conversar. Ele ia à noite para os bares para beber e encontrar com seus amigos e “caçar”. Não tinham nada em comum, a não ser uma coisa.

Depois à noite, antes de dormir, por volta do mesmo horário eles se levantavam de suas camas, ela de sua cama de solteiro, ele da sua de casal se desentrelaçando da mulher do dia, olhavam para a lua não em adoração, mas sim de contemplação por acharem que existiu uma certa intencionalidade de ela estar lá, tão alta e pensarem que poderia existir algo maior, mais acima deles mesmos, e sonhavam que este ser superior (que ela acreditava ser Deus) poderia dar uma pessoa que realmente significasse muito mais do que as pessoas que já haviam aos seus lados.

Em um dia especial, embora não houvesse nada de especial naquele dia, ela andava em direção ao ônibus que ela sempre pegava para ir ao trabalho, quando ela encontrou com um casal conhecido dela. O marido era bonito e havia estudado com ela. A esposa era bonita também, mas insegura quanto ao merecer o marido que tinha. Eles tinham parado ela e a esposa aproveitou para se gabar.

Neste dia especial, ele se levantou cedo para pegar um ônibus em uma rodoviária ao longe. Ele tinha carros, mas preferia pegar o ônibus para ver se encontrava alguma pretendente no caminho. Se deparou com um casal falando com uma menina que ficava muito bem no vestido que estava usando... Por vê-la com um ar constrangido ao se aproximar, chegou de repente, agarrou-a e lhe deu um beijo estalado na bochecha.

- Oi, meu amor! Senti tanta falta de você! Resolveu me esperar hoje, né? – ainda atordoada ela nada respondeu. – Ha! Ha! Ha! Ela sempre perde a fala quando eu a surpreendo... Você não acha que vai ficar tarde para você chegar ao trabalho?

Só então ela olha para o relógio e vê que está atrasada.

- Com licença! Se despediu e ele pegou a mão dela como quem vai guiando.

- Me diga que ônibus é.

- Aquele ali, dois à frente.

Pegaram o ônibus.

- Pode me dizer o que foi aquilo? – ela disse.

- Sim! Você me deve uma.

- Uma o quê? Uma bebida?

- Não, acho que vou pedir algo mais especial... – disse mirando os lábios paralisados e vermelhos dela com seus olhos sedutores. Ele foi se aproximando cada vez mais, cada vez mais até que de repente...

Ela se levanta.

- Quem você pensa que eu sou? Talvez isso dê certo para essas menininhas que você encontra em cada esquina, mas para mim não funciona!

- Tive uma namorada parecida com o seu temperamento. Demorou uma semana e tive o que queria. Por que você acha que contigo vai ser diferente? – ela baixou o tom de voz quando ia trocando de lugar.

- Eu sinto muito, mas você não tem nada que possa me dar e a única coisa que eu posso te dar é um “obrigada”.

- Mas eu te salvei daquele casal esnobe! Você poderia me dar algo mais do que isso!

- Você tem razão! Do fundo do meu coração: Muito obrigada!

Diante desta situação, sua única reação foi rir.

- Você realmente é uma garota diferente. Que tipo de garota você é? – disse ele, com um olhar curioso.

- Do tipo único, ao menos é assim que eu gosto de pensar... – disse ela num tom surpreendentemente mais humilde.

- Meu nome é Roberto.

- O meu é Alissa.

- Alissa, belo nome! – pausa – Taí, quero você na minha vida de uma forma ou de outra.

- Vai sonhando! Este é o meu ponto. Tchau!

- Eu vou contigo.

- O quê? Qual é o seu problema? Você não trabalha?

- Trabalho sim, o que me faz lembrar... – pegou o seu celular e ligou para o seu escritório enquanto desciam do ônibus – Oi, Clark. Faz um favor para mim? Hoje vou tirar o dia de folga, ok? Preciso resolver algumas coisinhas por aqui. Valeu!

No escritório:

- Ele encontrou uma garota difícil hoje e não vai vir.

- Esse cara vai entrar para o livro dos recordes. É o quê? A trigésima do mês? Ele é meu herói!

De volta ao ponto de ônibus, Ela estava perplexa com a facilidade dele conseguir uma folga. Ela mesmo só teve 12 dias de férias graças ao trabalho “fora-da-lei” (que ela entendia perfeitamente já que era uma empresa nova e em ascensão) de não fazer nenhuma matrícula no governo, sendo assim, ela não tinha os direitos trabalhistas, embora ela era paga direitinho pelo que fazia. E paga no dia certo, o que era bem difícil de se ter nestes trabalhos de professor. Se não trabalhasse, não recebia.

- Como assim, você conseguiu uma folga? Só ligando?

- Eu nunca falto! E eles me devem as minhas férias!

- Como assim? – disse já entrando na escola.

- É assim, eu trabalho em média 25 dias por mês. Se eu não falto nenhum, também não tiro as folgas, ganho horas extras para serem descontadas no fim do ano. Sem contar férias que eu não tiro, licenças...

- Mas você ligou no dia?

- Por quê? Não é assim que se faz?

Ao olhar em volta, ela percebeu que os alunos já tinha chegado e estavam à espera de sua aula.

- Tenho que ir.

- Posso assistir às aulas também?

- Você vai ter que falar com os diretores. – e entrou em sua sala aliviada pela esperança de nunca mais vê-lo novamente.

Infelizmente, ele “molhou” a mão dos diretores e entrou. Passou a segui-la a todos os lugares, menos dentro da casa dela. Gostava de estar com ela. Percebeu que ela era engraçada, romântica, sorridente, ria dos seus erros e trabalhava e trabalhava e trabalhava. Ela também ia muito à igreja, mas quando ficava entre ir à igreja e dar aulas, ela ficava com o trabalho.

Ele também não parecia tão mau aos olhos de mais perto, dentro de seu coração; ela apreciava a sua companhia e de seu papo agradável. Ele falava do que sabia de melhor na maioria das vezes: seu trabalho. De como certos fatores, como a história contemporânea afetava o seu trabalho, e de como a música (pois ela era professora de música) era valorizada pelos corretores do mercado de ações, só para que ela se sentisse à vontade).

Ela parecia viver a vida toda para a igreja; lá tinha seus amigos, suas amigas com quem passeava e com quem se abria... Os carinhas que ela paquerava também.

Ele não gostava muito de ir à igreja por causa disso e deixava isso bem claro. Ela podia ver claramente que quando ela o tratava como uma de suas amigas e falava dos garotos por quem tinha uma queda, ele se sentia pouco à vontade.

Duas semanas se passaram e ele não tinha conseguido nenhum progresso com ela. Já havia doado tempo integral a ela, mas não entendia o que havia de diferente, embora soubesse que havia uma diferença. O interesse por ela, de fazer tudo certo para conquistá-la, o deixava exausto. Resolveu pedir conselhos a sua psicóloga e se abrir com ela.

- Essa menina é louca! Ela trabalha pra caramba para só ter um dia de folga e mesmo assim após nove, isso mesmo, nove horas de trabalho direto! Ela se doa totalmente à igreja, mesmo que ela não concorde com algumas decisões que eles tomam. Ela não gosta de mim!

- Essa é nova! Talvez este seja o real problema, não é?

- Você não me entendeu. Eu sou bonito, não sou? – disse chegando mais perto.

- Sim.

- E atraente, e sedutor? – sentando-se do lado dela e chegando próximo ao seu rosto.

- Com certeza, sim. – disse quase sussurrando.

- Então por que ela não me quer? – disse se levantando bruscamente – Eu sou rico, estou sempre do lado dela, ouvindo até o que não quero e ela simplesmente não se importa! É como se eu fosse a sombra dela ou algo que sempre esteve junto a ela, mas não significa nada para ela!

- Oh, meu Deus! – disse num tom desanimado.

- O que foi?

- Acho que... Duas coisas. Primeiro: você está finalmente se abrindo! Você sempre encarou esta terapia com desprezo pela minha profissão e agora está procurando respostas em mim. Isso é um bom início para uma terapia bem sucedida. Segundo: você está completamente apaixonado por esta moça.

- Não. Você não acha... – descrente.

- Você não pára de falar nela e nas coisas que fazem juntos. Acho que nesta relação assexuada de vocês foi a única maneira de você se relacionar com alguém de um modo abaixo do superficial. Sinto que você deveria andar mais tempo com essa moça.

- Pois eu acho que não. Eu acho que “essa moça” vai me mudar tanto que eu não vou me reconhecer.

- Do jeito que está não pode ficar. Você tem que entender que mudanças são necessárias para a compreensão e convivência do seu eu.

- Eu vou deixar esta moça e voltar a ser eu. Esta sessão está encerrada! – levantou-se de súbito, o que a fez se levantar também.

- Espera!

Abriu a porta e foi andando em direção à sala de espera rápido e não dando atenção ao que a doutora falava atrás de si, quando se deparou com:

- Alissa? – disse, surpreso.

- Olá, tudo bem?

- Não – disse a psicóloga que finalmente o alcançou – você tem que entender que... – caiu a ficha – vocês se conhecem?

- Essa é a moça de quem eu falei... O que você está fazendo aqui? – Seu olhar revelava o carinho que ele sentia por ela.

- Há mais ou menos seis meses eu tenho a minha sessão logo apos a sua. – disse Alissa, surpresa. – Você nunca percebeu?

- Não, desculpe... – disse, sem graça.

- Tudo bem. Já está na minha hora?

Imediatamente ele pensou em tudo o que ele já havia falado para ela sem perceber, se arrependendo do que fez. Sentiu como se estivesse o tempo todo traindo ela, pensamento que ficou estampado em seu rosto.

- Mil desculpas! Eu sempre atrasei a sua consulta...

- É, eu até estou meio surpresa de finalmente começar na hora...

- Vamos entrar? – sugeriu a doutora.

- Vamos. – disse Alissa – tchau, foi bom te ver de novo! – e saiu.

- Tchau! O que ela quis dizer com isso?

farei postagens sobre um dos meus livros e se quiser, você pode mudar o final

Cabe aqui dizer que eu serei a juíza quanto a saber se a sua parte entra no livro ou não. Pode comentar.
Obrigada

O bom de não se ter seguidores...

... É que você pode escrever qualquer bosta aqui que ninguém vai saber mesmo... Aí você pode escrever absurdos como: as novas versões da bíblia. Como na criação, quando Deus colocou o homem para dormir um sono profundo para que da costela dele criasse uma mulher. Quando o homem recebeu a encomenda pronta dos braços do Senhor e disse: "Uau!". É claro que isso tudo do hebraico pode significar também: "Agora sim, essa é osso dos meus ossos e carne da minha carne!". Nem sempre as mensagens na Bíblia vêm para confirmar a vida que nós levamos. Em Romanos 6. 1, por exemplo, começa dizendo: "O que vamos dizer então? Continuaremos na bosta depois de convertidos para que a graça de Deus abunde?". É claro que diminuí um pouco o teor da frase, mas continua com o mesmo significado... E assim vai na Versão bíblica da novíssima linguagem de hoje! Tenham um bom dia!

domingo, 8 de novembro de 2009

Coisas incríveis

É incrível como as pessoas te vêem em um momento de sua vida e acham que você pode ser totalmente o que eles pensam que você é. É incrível, como você não pode mudar a sua primeira impressão. Coisas incríveis estão acontecendo na minha vida e não tenho ninguém com quem compartilhar... Tenho vencido medos e gigantes e as pessoas para quem eu contava ou não têm tempo para parar para me ouvir ou acham que essas coisas são tão banais e não percebem que são muito importantes para mim... Só tem uma pessoa que me escuta a qualquer hora e momento, pois está sempre ao meu lado, mesmo que eu decida tomar a direção errada da que Ele quer para mim... Isto não é bom. Estou me tornando uma pessoa anti-social que eu odeio, tais quais aquelas que eu tanto critico. As pessoas acham isso normal, mas não é. Mil desculpas, mas algum dia eu simplesmente não vou estar a fim de sair, outros eu não vou estar a fim de falar e acho que isso é muito normal de uma pessoa. Depois de trabalhar nove horas, qualquer um quer uma cama bem macia. É claro que em um sábado, as pessoas esperam de você que saia para se divertir, mas eu analiso o meu estado de saúde, se vou me sentir à vontade na casa do anfitrião ou se vou me divertir com os outros convidados. Imagine a cena: depois de um dia de sábado com nove horas de jornada, você vai, direto do seu trabalho, a um compromisso que deveria ser um ensaio mas acaba sendo um churrasco. Se você soubesse que iria ser somente o churrasco, você não iria, pois estava mesmo cansado. E depois passam-se as horas e você vê todos os outros planos para o dia irem embora também. Domingo é dia de igreja... O mais incrível é que quando você pede para a sua companhia para ir embora e ninguém vê o seu lado, ou o seu estado, antes vê o seu próprio ego... O que poderiam fazer: "Você está cansada, né? Eu te levo em casa e depois volto." já que eles estavam se sentindo confortáveis na festa, poderiam sentir o mínimo de empatia! Eu não sei mais o que eu faço para que as pessoas entendam o meu lado da história. Não estou falando para me falarem: "Ó grande princesa Joyce, sim iremos imediatamente pois sabemos que você faz tanto pela gente!", mas invoco, como cristãos que somos, de sentir a dor do outro. Talvez seja por isso que eu seja dada como louca, às vezes, ou por isso que consegui amigos tão especiais. Sinto a dor deles como se fosse comigo, fora a minha própria cruz. Estou cansada de ver tantas pessoas viradas para o seu próprio ego ou para os defeitos do outro e esqueçam de se importar com as pessoas que estão mais perto. E eu não entendo como aqueles que andam comigo não sintam assim também!